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09/12/2019 - FORMAÇÃO SINDICAL - Três dias de palestras e debates preparam nova diretoria para as lutas de 2020


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Stéfano Mariotto de Moura - Coordenador de Comunicação

Em outubro passado, a nova diretoria do Sindisaúde-RS para o triênio 2019/22 assumiu a gestão do sindicato. Dentre os (as) eleitos (as), muita gente com anos já de luta sindical, mas também muita gente nova, com muita vontade de se capacitar para os enfrentamentos desses próximos três anos. Por isso, o sindicato organizou um seminário de formação sindical em Oásis do Sul, onde está localizada a Colônia de Férias: durante a noite de sexta (06), a manhã e a tarde de sábado (07) e a manhã de domingo (08), a diretoria esteve imersa em palestras e debates coordenados por capacitados profissionais do meio jurídico, político e econômico.

"Ser sindicalista demanda um conhecimento muito grande. Porque, evidentemente, o principal é conhecer o local de trabalho, as demandas e as angústias de nossos colegas, até mesmo porque são as mesmas nossas, que somos trabalhadores daqueles mesmos locais. No entanto, quando se chega à posição de diretor sindical, lutar, enfrentar, debater e negociar demanda conhecimento de Direito, demanda entendimento de como se pode faze pressão política e como se fazer essa pressão, demanda entender as novas formas de luta e resistência que cresceram em importância como a luta antirrascista e feminista. E esse conhecimento só se adquire ouvindo gente capacitada como as que tivemos oportunidade de trazer aqui", comentou o presidente do Sindisaúde-RS, Julio Jesien.

Seminário aconteceu por 3 dias na Colônia de Férias do Sindisaúde-RS

Palestras ministradas durante os 3 dias tiveram muito envolvimento da diretoria

As palestras

No primeiro dia, a Neiva Lazzarotto, reconhecida lutadora do movimento do magistério, e o sociólogo Bernardo Corrêa, que estava no Chile durante as gigantescas manifestações de reivindicações sociais do mês passado, foram os palestrantes. Eles trataram do avanço do neoliberalismo no mundo e no Brasil em particular, e as consequências que estamos vendo hoje tanto por aqui quanto no país vizinho: direitos foram pro ralo, desemprego aumentou exponencialmente e a promessa de crescimento sustentado que os partidários dessa corrente econômica sempre venderam não veio em lugar algum. A diretoria, no debate, manifestou enorme preocupação com o fato de grande parte da classe trabalhadora ter sido engolida por essas promessas falsas e, principalmente, pelo excessivo individualismo dos trabalhadores mais jovens nos hospitais e clínicas.

No segundo dia, o escritório Paese, Ferreira, que defende a categoria através do sindicato, enviou sua sócia fundadora, Raquel Paese, o advogado Silvio Boff e a advogada Samara Ferrazza para formação jurídica; além deles, também a economista Virginia Donoso palestrou. Antes dos juristas o presidente do sindicato, Julio Jesien, e o diretor Valmor Guedes fizeram uma retomada histórica do movimento sindical no mundo e no Brasil, para contetualizar aos espectadores sobre como que se deram as lutas da classe trabalhadora, o que se pode aproveitar e o que se deve avançar.

Segundo dia de seminário teve pautas jurídicas como destaque

Logo após, foi a vez da economista Virginia Donoso e da advogada Raquel Paese. Virginia, que é do Dieese, trouxe uma série de dados tratando de como as mentiras dos políticos que temos elegido nos últimos anos sobre fazer a economia crescer só pioraram a situação da classe trabalhadora, enquanto que por um período composto tanto por parte do governo FHC e pelo governo Lula, em especial, ficou bastante claro o quanto é possível crescer com cuidado social.

Após, Virgínia, Raquel fez uma excelente palestra, bastante ampla, sobre como a classe trabalhadora pode ser atraída para a luta novamente, em um contexto no qual o trabalho é cada vez mais visto como mercadoria e se perde a noção de coletividade e camaradagem entre trabalhadores. "O jovem acredita no discurso do individualismo e não percebe que um dia vai ter um filho inesperado, um dia vai se acidentar, e vai precisar de proteção social, de proteção ao trabalho!", afirmou a advogada Raquel Paese.

Boff e Samara deram andamento durante a tarde, tratando da terceirização na saúde, a sustentação do sindicato com menos receitas e as negociações coletivas de 2020. Além disso, Boff falou bastante sobre a privatização da saúde pretendida tanto em POA pelo prefeito Nelson Marchezan quanto a nível federal, através do presidente Jair Bolsonaro.

Último dia: debate sobre mulher na saúde, feminismo e racismo despertou consciências

A manhã de domingo ficou reservada para a fala da especialista em feminismo, Joanna Burigo. No entanto, o feminismo jamais vem dissociado da luta antirrascista, e Joanna demonstrou o enorme conhecimento que detém - 15 anos de estudos na área - esclarecendo pontos-chave acerca do debate, que muitas vezes são negados por pessoas que não compartilham das pautas. E as falas dela trouxeram manifestações muito esclarecedoras, tanto das diretoras, que expuseram como já sentiram o machismo no seu ambiente de trabalho, e dos (as) diretores (as) negros (as) do sindicato, que relataram histórias muito importantes e contribuíram de maneira muito esclarecedora.

"Ah, mas eu não posso nem brincar mais com meus amigos"

O diretor Luciano Soares, por exemplo, respondeu à clássica pergunta de quem não está familiarizado com a luta antirrascista: "Ah, mas agora não posso mais brincar com pessoas negras que eu gosto como sempre brinquei?". Soares, que é negro, explicou de maneira muito didática: "Isso não tem nada a ver. Nós que somos negros sabemos quando uma pessoa que nos quer bem está fazendo uma brincadeira carinhosa conosco. E sabemos também quando a fala de alguém tem aquele peso, é uma fala rascista. É simples. E se tiver dúvida, basta perguntar".

Uma categoria composta por 80% de mulheres

A nova gestão do Sindisaúde-RS procurou prezar pela participação feminina: são 16 diretoras e 12 diretores. Isso porque o sindicato estima que nossa base seja composta em até 80% por mulheres, o que corresponderia a cerca de 50 mil pessoas. Com tudo isso, a fala de Joanna sobre o feminismo foi de muito impacto entre a diretoria. As diretoras falaram diversas vezes sobre como o machismo se manifesta, e os diretores procuraram ouvir mais do que falar. Joanna parabenizou a nova diretoria por ter tido a coragem de propor esse debate. "Todos sindicatos falam sobre essa luta, mas poucos de verdade aplicam ela no dia a dia. Espero que todos aqui do Sindisaúde-RS mantenham essa consciência", comentou.

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Presidente do Sindisaúde-RS, Julio Jesien discursou sobre a atual conjuntura do movimento sindical no Brasil



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