Esse 18 de julho foi um dia histórico de luta das categorias da saúde. Pelo menos mil trabalhadores do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (IMESF), que atuam em postos de saúde de Porto Alegre, cruzaram os braços durante toda esta quarta-feira (18), em paralisação aprovada na assembleia do Sindisaúde-RS e do Sergs na última quinta (12). A concentração foi em frente à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), e de lá iniciou uma marcha em direção à Prefeitura.
Mais de mil trabalhadores do IMESF tomaram as ruas da Capital em dos maiores atos de luta dos últimos anos
Além dos trabalhadores que participaram do ato, muitos outros também cruzaram os braços, pois cerca de 90 postos de saúde estiveram fechados durante o dia, mostrando a forte aderência à luta, que tem por motivação os quase 3 anos sem reposição salarial.
Com enorme aderência da categoria, quase 100 postos ficaram fechados
O recado ao prefeito Nelson Marchezan Júnior foi claro: ou ele acata a pauta dos trabalhadores, ou a greve geral unificada na saúde de Porto Alegre será deflagrada na próxima semana, em duas assembleias . A primeira do Sindisaúde-RS, Sergs e Sindacs, na terça (24), e a segunda do Simpa, na quinta (26).
O ato
Desde as 8 horas, os trabalhadores já se concentravam às centenas em frente à SMS, onde permaneceram até as 10 e meia.
Concentração começou às 8 horas em frente à Secretaria de Saúde, ao lado do Edel Trade Center
A partir desse horário, já eram mais de mil pessoas reunidas, que começaram uma marcha em direção à Prefeitura. A caminhada passou pelo entorno da UFRGS, seguiu pelo Túnel da Conceição, que foi completamente tomado pela massa, e se encaminhou pela Avenida Mauá até a sede do Executivo. No trajeto, o canto que mais se ouvia era: "Ô Marchezan, tu te enganou, o IMESF já parou"
Massa tomou as ruas gritando "Fora Marchezan"!
Prefeitura tentou evitar paralisação
A indignação dos trabalhadores com o "prefake", ou "prefeitinho", como o chefe do Executivo Municipal foi chamado ao longo da caminhada, cresceu ainda mais na noite de ontem (17), quando a Prefeitura tentou na Justiça impedir a paralisação. No entanto, o trabalho jurídico dos departamentos sindicais derrubou a liminar obtida pelo Executivo, demonstrando que a Justiça também está entendendo como legítimo o pleito das categorias profissionais do IMESF.
Já no Paço, esse mesmo prefeito, eleito com menos votos do que brancos e nulos, sequer teve decência para receber uma comissão de trabalhadores e sindicalistas. Eles buscam, desde novembro, inclusive com cinco mediações realizadas no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-4), negociar os valores devidos pela Prefeitura aos milhares de funcionários do IMESF, evitando assim a greve geral unificada que, a partir de hoje, ganhou ainda mais força.
Marchezan não teve dignidade sequer para conversar com representantes dos trabalhadores
A greve geral unificada
Se apenas os trabalhadores do IMESF aprovarem o movimento grevista semana que vem, já se torna praticamente inviável o funcionamento dos postos de saúde da Capital. E se ambas as assembleias decretarem greve geral, os postos de saúde deverão ficar completamente fechados, pois a totalidade dos trabalhadores desses locais estaria de braços cruzados.
Categorias estão amplamente mobilizadas para deflagrar a greve geral se Marchezan não ceder
Assembleia do Sindisaúde-RS, Sergs e Sindacs
Terça, (24)
Rua Barros Cassal, 220
18 horas
Assembleia do Simpa
Quinta, (26)
Casa do Gaúcho
18 horas
Entenda
O IMESF é uma fundação pública de direito privado, que tem um contrato de gestão com a Prefeitura Municipal. Devido a essa situação, os funcionários do IMESF atuam sob o regime celetista, diferentemente de seus colegas representados pelo Simpa, os municipários.
Os municipários, ainda que atuando nos mesmos postos de saúde que os imesfianos, são contratados diretamente pelo município, trabalhando portanto sob o regime estatutário. Por essa razão, ainda que os trabalhadores exerçam exatamente o mesmo serviço, são representados por diferentes sindicatos.
Crédito das fotos: Assessoria de Imprensa do SIndisaúde-RS / Stéfano Moura