Em reunião na Câmara Municipal ocorrida na manhã desta terça-feira (21/11), o próprio administrador do Hospital Beneficência Portuguesa, José Antônio Pereira, admitiu que a Secretaria de Saúde solicitou sua saída da gestão da instituição, confirmando as denúncias que o presidente do Sindisaúde-RS, Arlindo Ritter, e demais membros da diretoria vêm fazendo há meses: a má gestão dos recursos públicos está falindo o Benefa. Os trabalhadores e trabalhadoras da casa não recebem há 5 meses.

O presidente Arlindo Ritter expôs à comissão a grave situação que se arrasta há anos no Beneficência

Trabalhadores tomaram a sala

Apesar disso, Pereira voltou a afirmar que está em vias de receber um empréstimo do Banrisul para aliviar a situação financeira do hospital. No entanto, o banco apenas realizará a operação financeira se houver a garantia de um contrato permanente com a Secretaria (veja abaixo). Os vereadores que compõem a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) não se convenceram da fala do administrador: a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) inclusive questionou Pereira sobre qual seria o valor do empréstimo, mas ele não a respondeu.

O administrador, José Antônio Pereira, fugiu às principais perguntas

Assim, a Cosmam decidiu encaminhar um ofício para o banco para entender qual é a viabilidade da operação financeira, dado que a gestão do hospital já deve milhões de reais. Nenhuma resposta afirmativa foi dada pela gestão sobre se os salários serão pagos no caso de o empréstimo sair.

Um último encaminhamento foi a constituição de um grupo de trabalho, encabeçado pela Secretaria Municipal de Saúde, com todos os sindicatos que tenham interesse, com a intenção de avaliar toda a situação do hospital, desde a dívida trabalhista até as dívidas com fornecedores, para avaliar se o alavancamento financeiro terá realmente efeito para levantar o hospital.

Contrato do hospital

A Secretaria informou que renovou o contrato de trabalho do hospital para prestar serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS). O contrato havia encerrado em 27 de março, e foi renovado por tempo determinado. Sua renovação por tempo indeterminado – condição necessária para que o Banrisul realize o empréstimo - só ocorrerá se os débitos trabalhistas forem sanados.

A delegada sindical no hospital, Cláudia Regina Santos, que vem lutando há meses por seus colegas, durante a reunião de hoje

Fotos: Assessoria de imprensa do Sindisaúde-RS / Gabrielle Paula