Nesta segunda-feira (20/11), Dia da Consciência Negra, o Sindisaúde-RS promoveu, pelo segundo ano consecutivo, o Seminário “Consciência é Todo Dia!”, por meio da Diretoria de Gênero, Raça e Diversidade Sexual.
Dezenas de trabalhadores estiveram presentes
Com o objetivo de promover o debate e a reflexão acerca da temática de raça, o evento contou com diversos palestrantes de alto nível que abordaram desde a história e a herança cultural até as religiões e atuação profissional da população negra. Além disso, os participantes puderam conferir intervenções artísticas e uma feira de afro empreendedores. “Eu fico imensamente feliz de estarmos mais um ano promovendo um espaço como esse para os trabalhadores da saúde”, disse a diretora da pasta, Ana Paula Capra.
O evento, da pasta de Gênero, Raça e Diversidade Sexual, foi dirigido por Ana Paula Capra
Marly Magalhães, Maristela Moura e Julio Appel
Cláudia Santos e Mariângela Santos
O evento
O vice- presidente do sindicato, Julio Appel, fez a abertura do seminário trazendo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre a realidade dos negros no Brasil, onde a cada 100 homicídios que ocorrem, 71 são de pessoas dessa raça.
Após, com o objetivo de lembrar a ancestralidade do povo negro, a editora da revista Pretas, Renata Lopes, trouxe elementos da cultura, da moda e da representatividade. Depois, foi a vez da trabalhadora do Grupo Hospitalar Conceição, Nora Farias, apresentar as religiões de matriz afro e debater sobre os preconceitos contra os praticantes. “Precisamos, enquanto negros, valorizar a cultura negra, a cultura de raiz”, disse.
A editora da "Pretas", Renata Lopes, primeira palestrante
Nora Farias, trabalhadora do GHC, sucedeu Renata Lopes nas palestras, e recebeu homenagem das mãos da diretora Marly Magalhães
Ainda com destaque para a espiritualidade, o sociólogo Luiz Mendes abordou os olhares pedagógicos que as manifestações religiosas de matriz africana podem ensinar. “Ainda temos que desconstruir a educação eurocêntrica que nos rodeia”, afirmou. Além disso, Mendes defendeu o sistema de cotas e fez um resgate histórico da Traição de Porongos, na qual os escravos foram brutalmente assassinados no final da Guerra dos Farrapos. “Sem cotas, não há pagamento de dívida, porque essa sociedade não nos dá oportunidade para estar nos espaços de poder”, completou.
Luiz Mendes falou sobre as religiões de matriz africana
A enfermeira Jéssica Hilário, que coordena a unidade de saúde Santa Tereza, foi a palestrante seguinte, trazendo seu exemplo pessoal de quem conseguiu uma formação acadêmica por causa das cotas. Jéssica atua na promoção da saúde da população negra e é pós-graduada em saúde pública. “Me reconheci e me fortaleci como negra também atuando e trabalhando como promotora da saúde”, disse. A advogada cível do sindicato, Marina Bastos, sucedeu Jéssica, e também apresentou sua história de vida como exemplo de luta. No intervalo entre ambas as palestras, o grupo Teatro Afirmativo Atitude em Movimento, de Esteio, fez uma intervenção artística de dança africana.
A enfermeira Jéssica Hilário
A advogada Marina Bastos recebeu sua homenagem do diretor Paulo Vargas
O Teattro Afirmativo Atitude em Movimento intervenção artística de dança africana
Os últimos palestrantes foram a advogada Karla Meura e o professor universitário Lúcio Almeida. Karla falou sobre o tema “A importância de trabalhar a raça e gênero transversalmente”, onde expôs as razões pelas quais a discussão de gênero e raça têm que ser tratada com seriedade, não havendo espaço para redução de sua importância. Já Almeida tratou da “Crise da democracia no Brasil e as cotas raciais”, fazendo uma recuperação histórica de dilemas que são enfrentados pela comunidade negra desde séculos atrás. “Até mesmo o 15 de novembro é um golpe para a população negra, pois a proclamação da República serviu como fruto de uma insatisfação com a igualdade social advinda da abolição da escravidão”
A advogada Karla Meura falou sobre as construções tranversais de gênero e raça
O professor universitário Lúcio Almeida
Os palestrantes receberam suas homenagens das mãos da diretora Lúcia Schaffer e o presidente Arlindo Ritter
Após as palestras, o Atitude em Movimento cantou raps com letras sobre conscientização da luta do povo negro, e a delegada sindical do Sindisaúde-RS, Cláudia Santos, cantou sambas tradicionais da música brasileira.
Atitude em Movimento cantou letras de rap ao final das palestras...
... e Cláudia Santos, a Claudinha "Barulho", agitou os presentes com sambas tradicionais.