Os trabalhadores do Hospital Tramandaí definiram ontem (24), em assembleia do Sindisaúde-RS em conjunto com Sergs, Sindifars e Sinttargs, a realização de dois atos de luta nas próximas duas sextas (01 e 08), a partir das 8h, que devem impactar no atendimento à população nesses dias.
Os atos de luta consistirão em protesto dos funcionários, com entrega de material explicativo, para expor à população a situação da saúde no município. A gestão do hospital recebe repasses, mas não paga os trabalhadores em dia, não repõe as perdas salariais há 4 anos, resultando num arrocho de cerca de 30%, e mantém a instituição bastante defasada. A assembleia de ontem, por exemplo, foi realizada em um lugar cheio de entulho e materiais descartados, conforme pode-se perceber na foto abaixo.
O diretor do Sindisaúde-RS Julio Jesien abre a assembleia lendo o edital de convocação; ao fundo, materiais descartados empilhados
Motivos
A definição pelos atos de luta veio em virtude dos constantes atrasos salariais, mas principalmente pelo fato de a gestão do hospital não aceitar negociar Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) com os sindicatos. "Essa situação de empacar negociação está nos levando a 4 anos sem reposição das perdas salariais. Em um cálculo rápido, o salário desses trabalhadores já perdeu aproximadamente 30% do poder de compra nesse período", explicou o diretor do Sindisaúde-RS, Júlio Jesien.
Além disso, o advogado Silvio Boff, do Escritório Paese, Ferreira, que representa o sindicato, explicou aos trabalhadores que já solicitou ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4) pedido de mediação entre sindicatos e gestão do hospital, para alcançar o fechamento de um ACT. "Nós temos tido bastantes êxitos nos últimos anos com essa tentativa de mediação. Canoas e IMESF são alguns desses exemplos", afirmou Boff.
Trabalhadores mobilizados definiram os atos de luta
Relembre a luta em Tramandaí
Entre o final de 2017 e início de 2018, o Sindisaúde-RS liderou a categoria em Tramandaí em atos de luta e paralisações em conjunto com os trabalhadores da cidade. No dia 21/12/2017, o sindicato esteve na cidade para mobilizar os funcionários, e já no dia 22/12/2017 uma assembleia geral para definir o plano de lutas foi realizada. Após decisão da assembleia, com a organização do Sindisaúde-RS, os trabalhadores realizaram uma caminhada para expor à população a situação do hospital, em plena véspera de Ano Novo, no dia 29/12. Logo na entrada de 2018, no primeiro dia útil, 02/01, uma paralisação de 12 horas foi realizada. Por fim, dias depois, em 11/01, os funcionários do Hospital Tramandaí iniciaram nova paralisação pela manhã, e já na tarde do mesmo dia a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV) deu retorno à luta aos funcionários, quitando o 13º atrasado.
Neste ano, a mobilização se faz necessária novamente para reivindicarmos o que é de direito do trabalhador, unidos somos mais fortes, vamos todos à luta!