Campanha Salarial 2023
A cadeira vazia que ilustra esta notícia estava reservada a Ricardo Englert, representante da Santa Casa e presidente do Sindiberf, sindicato que representa os patrões de hospitais filantrópicos. A ocasião era a terceira mediação judicial no Tribunal Regional do Trabalho e sua ausência, como presidente do sindicato patronal e representante dos empregadores de mais de 40 mil trabalhadores, impediu a continuidade das negociações.
A ausência fala muito sobre o tratamento dispensado pelos patrões dos hospitais filantrópicos aos seus funcionários. A quem interessa o atraso nas negociações para fechar a convenção coletiva? Basta dizer que o Sindiberf se recusa a pagar o reajuste retroativo à data-base, que é 1º de abril de 2023.
Enquanto a cadeira vazia na sala da vice-presidência do TRT atrasava ainda mais as negociações, desvalorizando o salário dos profissionais da saúde, a menos de 10 minutos de distância dali, ocorria mais uma inauguração no Hospital Nora Teixeira, o primeiro hospital do Complexo Santa Casa que não possui o nome de um santo ou bispo. Quem nomeia o hospital é uma super-rica.
Outros ricaços são homenageados dando seus sobrenomes aos andares do novo hospital, o que contrasta com a situação de quem trabalha no cotidiano da Santa Casa. Investimentos e doações devem sempre ser bem-vindos, mas precisam ser acompanhados de uma gestão responsável para lidar com todos os desafios de uma instituição do tamanho da Santa Casa. É inevitável perguntar: será que Nora, Alexandre Grendene, os Zaffari, Poester, Vontobel, Ribeiro, Ling, Gazzola Irineu Boff, JBS, Josapar/Real Empreendimentos, alguns dos filantropos que viabilizaram a construção do novo hospital, sabem que ali os funcionários recebem um salário-base médio de R$ 2 mil, no caso do pessoal da enfermagem, e que apenas R$1.658 é pago ao pessoal da nutrição, higienização, apoio e administrativo?
Negociação da Convenção Coletiva Sindisaúde-RS/Sindiberf em andamento
A reivindicação de reajuste salarial dos trabalhadores, decidida em assembleia, é corrigir a inflação (4,36%) e acrescentar aumento real nos salários. Além disso, o sindicato busca abono salarial para compensar os danos de a categoria ter recebido apenas o reajuste da inflação de 2020, 2021 e 2022, e sem retroatividade.
Foram realizadas, até o momento, duas mediações judiciais para tratar da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). O Sindiberf, contudo, oferece apenas o valor da inflação em duas parcelas, sendo uma em novembro e a segunda em fevereiro de 2024. Na terceira audiência, chegamos ao ponto da cadeira vazia.
Nova mediação marcada
O Sindisaúde-RS está com pressa na negociação, considerando o histórico de prejuízos relacionados à falta de retroatividade. A próxima mediação está marcada para o dia 26 de julho.