Muitas vezes, o senso comum e inclusive a imprensa difunde a ideia de que a greve só causa problemas e não traz soluções. Ou de que direitos caem do céu. Pois bem, a luta aguerrida da categoria representada pelo Sindisaúde-RS no Cardiologia escancarou o contrário: a greve de sexta-feira (14) triunfou, levando a gestão a "encontrar" dinheiro que dizia não existir, pagar os salários e acertar acordo com o Sindisaúde-RS para quitar os demais direitos atrasados.
Assim, a categoria decidiu suspender a paralisação até 5 de agosto, quando poderá haver nova greve se os pagamentos voltarem a atrasar. Às 20 horas da própria sexta, toda a categoria já havia retomado normalmente as atividades. "Há de se destacar a atuação do comando de greve que, junto com o sindicato, organizou uma paralisação de trabalhadores no setor mais crítico de qualquer luta classista, o da saúde, de forma a não deixar nenhuma desassistência a usuários do hospital", declarou o presidente Julio Jesien.
Trabalhadores deram demonstração de força à gestão!
Palavra do Sindisaúde-RS
"A gestão do hospital alegou, ao longo do dia, que a greve de trabalhadores do Sindisaúde-RS não teria afetado o serviço interno. Isso mesmo com 50 pessoas continuamente paradas na frente do hospital. Curiosamente, ao final da tarde convidaram-nos, bem como ao comando de greve, para propor um acordo, após se negarem a nos receber por semanas. Só temos que dar parabéns à luta dos trabalhadores do Cardiologia, porque foi ela que conquistou", declarou o presidente do Sindisaúde-RS, Julio Jesien.
Presidente do Sindisaúde-RS, Julio Jesien,no piquete
Greve vitoriosa
A base de trabalhadores do Instituto de Cardiologia aderiu massivamente à paralisação e, com o apoio do Sindisaúde-RS, concretizou o movimento de greve. O comando de greve garantiu a organização nos setores do hospital, viabilizando o funcionamento essencial para não arriscar a vida de pacientes. A presença dos funcionários no piquete em frente ao hospital ajudou a desmentir o que a instituição afirmava à imprensa, de que a greve estava fraca e que o hospital funcionava normalmente.
Pouco antes do final da tarde, os salários estavam sendo quitados, e a direção do Instituto de Cardiologia solicitou reunião com os trabalhadores. A categoria foi representada pelo presidente do Sindisaúde-RS, Julio Jesien, e pela diretora do sindicato, Lúcia Mendonça, acompanhados de duas representações do comando de greve local.
A comissão saiu da reunião com uma proposta de acordo que foi submetida à votação em assembleia. A proposta foi aprovada, suspendendo a greve até 5º dia útil do próximo mês, quando poderá haver nova paralisação se os pagamentos voltarem a atrasar.
Histórico
A greve foi aprovada por unanimidade em assembleia realizada no dia 10, quando os salários contavam 4 dias de atraso. Além do atraso nos salários, a falta de depósitos do FGTS, irregularidades sobre o direito de férias e outros problemas motivaram o movimento de paralisação.
Resumo do acordo entre Sindisaúde-RS e direção do Instituto de Cardiologia.
Acordo aprovado em assembleia de trabalhadores para suspender a greve até o 5° dia útil de agosto:
- Ação conjunta da prefeitura municipal e governo estadual destinam 6,6 milhões de reais para garantir o pagamento de salários e verbas rescisórias. Desse valor, 2,5 milhões serão destinados para a compra de insumos.
- Todos trabalhadores da base do Sindisaúde-RS já devem ter recebido o salário. Quem não recebeu, deve notificar o sindicato.
- Regularização das férias até setembro.
- Regularização dos consignados.
- Nenhum trabalhador que fez greve e assinou a lista no piquete será descontado e nem poderá ser demitido ou sofrer retaliações durante 8 meses.
Crédito das fotos: Julio Câmara / Comunicação Sindisaúde-RS