Home > Notícias > GHC - "Café da Luta" da higienização reforça movimento pela implementação das 180h. Novas agendas em 21 e 26/06

15/06/2023 - GHC - "Café da Luta" da higienização reforça movimento pela implementação das 180h. Novas agendas em 21 e 26/06


Compartilhe nas suas redes sociais!


Júlio Câmara - Comunicação

Trabalhadoras (es) da higienização do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) se reuniram ontem no "Café na Luta", evento em frente ao prédio administrativo do GHC, com o objetivo de pressionar a gestão pelo estabelecimento da jornada de trabalho de 180 horas. A iniciativa foi promovida pela Aserghc com o apoio do Sindisaúde-RS.

Dezenas de profissionais da higienização se encontraram para organizar a luta

A primeira reunião da comissão de trabalhadores com o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição, Gilberto Barichello, que estava programada para ocorrer simultaneamente ao evento, foi cancelada de última hora pela gestão. Arlindo Ritter, diretor do Sindisaúde-RS e presidente da Aserghc, abriu o evento informando que a reunião cancelada teria como objetivo avançar na criação de um Acordo Coletivo interno para regularizar a jornada de trabalho, reduzindo-a de 220 para 180 horas.

Valmor Guedes, diretor do Sindisaúde-RS, mencionou que além de estabelecer cláusulas, justificativas e prazos para a redução da jornada, mantendo o salário dos trabalhadores, a reunião também visava cobrar a reposição da mão de obra que está em falta atualmente. "O GHC justifica que existe uma portaria do governo que impede a contratação. No entanto, uma portaria não tem o mesmo peso de uma lei aprovada no Congresso, pois é um documento interno que pode ser revogado pelo próprio Governo Federal", continuou Valmor.

Histórico de lutas da higienização

Os trabalhadores da higienização enfrentam uma injustiça histórica dentro do Grupo Hospitalar Conceição. Eles são a única categoria que cumpre uma jornada de 220 horas, enquanto os demais funcionários trabalham 180 horas.

Os trabalhadores mais experientes tiveram a oportunidade de falar e resgataram a história que explica essa situação. Eles contaram que o grupo político que reassumiu a gestão do GHC após a mudança no governo federal implementou a terceirização do serviço de higienização, o que resultou em uma infecção descontrolada nos hospitais causada por uma superbactéria resistente a antibióticos.

A partir das denúncias feitas pela Aserghc, foi comprovado pelo Tribunal de Contas da União que os contratos de prestação de serviços não estavam sendo cumpridos pelas empresas contratadas, que recebiam pagamentos como se estivessem prestando o serviço corretamente, mas não arcavam com as multas estabelecidas para as falhas. Os valores desviados chegaram a cerca de 8 milhões de reais, que praticamente dobrariam se as multas fossem cobradas corretamente.

Essa denúncia impactante fortaleceu o movimento contra a terceirização do serviço. A força da mobilização dos trabalhadores, por meio de denúncias públicas em outdoors, passeatas e greves, forçou o processo para reverter a terceirização, mesmo contra a vontade da direção do Grupo Hospitalar Conceição. Graziela Machado Palma, vice-presidenta da Aserghc, lembrou que "antes mesmo do concurso, já alertávamos várias vezes  que a carga horária de 220 horas levaria ao adoecimento dos trabalhadores. Eles não quiseram acabar com a terceirização porque eram bons, e por maldade mantiveram as 220 horas".

Exemplo da Trensurb

O dirigente sindical da TLS, Etevaldo Teixeira destacou o exemplo de outra categoria que não para de lutar. “Os metroviários foram até o ministro da Casa Civil e ele disse que não privatizaria a Trensurb. E ontem saiu a contratação de uma empresa para privatizar. Ou seja, eles falam uma coisa e fazem outra”.  Etevaldo reforçou que desde que assumiram, a direção do GHC está dizendo que vai implementar as 180 horas mas que isso depende do papel do movimento. “Nós temos que fazer o nosso papel que é a mobilização para fazer eles cumprirem o que dizem, Porque, se não for assim eles não cumprem”, concluiu.

Audiência pública marcada para o dia 26

Luciane, uma das trabalhadoras da higienização e membro da comissão de trabalhadores, informou que tiveram uma reunião com a deputada estadual Luciana Genro (PSOL), na qual discutiram amplamente as questões relacionadas às 180 horas de trabalho e aos problemas causados pela sobrecarga. Na ocasião, a deputada encaminhou uma audiência pública para tratar desse assunto, que está agendada para o dia 26 de junho às 10h na Assembleia Legislativa. Luciane também ressaltou a necessidade de todos assumirem a tarefa de conquistar o apoio de outras categorias e de mobilizar ainda mais os próprios higienizadores.

Exemplo de luta

A deputada Luciana Genro, convidada a falar logo em seguida, agradeceu o convite para o "Café na Luta" e afirmou que os trabalhadores da higienização do GHC são um exemplo de mobilização, o que explica por que a administração do hospital não quer que a categoria alcance uma vitória. "Se os outros virem que vocês se mobilizaram e venceram, eles também vão querer se mobilizar, porque todos que trabalham na área da saúde estão exaustos", concluiu a deputada.

Mobilização para a audiência pública

A Aserghc e o Sindisaúde-RS estão organizando um ônibus para levar os trabalhadores que desejam participar da audiência pública no dia 26, às 10h. Organize seus horários e entre em contato com a Aserghc para reservar sua vaga. O próximo "Café na Luta" está marcado para o dia 21.