* com informações e fotos da Comunicação da Aserghc
A luta histórica dos higienizadores pela equiparação da carga horária com as demais categorias do GHC teve um importante capítulo na quarta-feira (6). Um grupo de dezenas de trabalhadores, com representantes de todos os hospitais, apresentou formalmente a pauta de reinvindicações da categoria ao diretor presidente Claudio Oliveira e outros representantes da gestão do Grupo. Como retorno, higienizadores (as) e sindicalistas ouviram de Oliveira que a expectativa é de que a redução da carga horária sem redução salarial seja aprovada em Brasília para o início de 2023.
Trabalhadores usaram máscaras com a mensagem “180 horas já”
Pauta das 180 horas está em Brasília e expectativa é de aprovação
A partir da auto-organização dos higienizadores, Aserghc e Sindisaúde-RS já haviam questionado a gestão do Grupo sobre a inclusão da redução da carga horária de 220 para 180 horas no novo Plano de Empregos, Cargos e Salários da instituição, um compromisso firmado na gestão anterior.
Em resposta, a gestão informou que a regulamentação das 180h está prevista no plano apresentado ao Ministério da Saúde e à Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST) do Governo Federal. A diretoria do GHC afirmou que nenhum dos dois órgãos solicitou quaisquer alteração sobre o tema. Portanto, é esperada a aprovação da redução da carga horária sem prejuízo salarial.
Mesmo com aprovação, 180 horas ficariam para início de 2023
A gestão do GHC explicou que, embora haja a tendência da aprovação do Plano de Empregos, Cargos e Salários por parte da SEST, o prazo legal para este tipo de alteração nas empresas estatais se esgotou em 2 de abril, devido ao período pré-eleitoral em um ano de troca de governo federal.
Assim, os gestores afirmam esperar que o plano seja aprovado no início de 2023, a partir da posse de diretores gestores definitivos na SEST para um novo mandato. Segundo o GHC, no novo plano os higienizadores serão enquadrados no Nível 2, com salário inicial de R$ 1.535,40 (R$ 8,53 valor hora), com jornada semanal de 180 horas. Aserghc e Sindisaúde-RS vão solicitar formalmente o acesso ao Plano na íntegra, para avaliar as alterações proposta para as demais categorias.
Trabalhadora Leda Pedroso entregou abaixo assinado para o diretor presidente Claudio Oliveira
Trabalhadoras (es) auto-organizadas (os) e trabalho sindical
Representando a Higienização, a trabalhadora Leda Pedroso entregou as centenas assinaturas recolhidas em abaixo-assinado de apoio à jornada de 180 horas, além de expor a urgência da categoria em estancar a sobrecarga de trabalho.
A higienizadora também cobrou ações concretas da gestão que combatam as perseguições e práticas de assédio moral recorrentes de categorias consideradas, subjetivamente, “superiores” aos higienizadores. Outros trabalhadores manifestaram sua indignação diante de casos graves como a situação denunciada no Hospital Cristo Redentor em novembro de 2021.
Já o diretor do Sindisaúde-RS e presidente da Aserghc, Arlindo Ritter, entregou à gestão uma cópia do relatório produzido por uma antiga comissão de trabalhadores e pela Aserghc, em 2015, a partir de um estudo técnico sobre a viabilidade da jornada de 180 horas.
Da esquerda para a direita: Claudio Oliveira, Arlindo Ritter, Julio Jesien (presidente Sindisaúde-RS) e Leda Pedroso
Assédio é prática reiterada e ainda sem solução
Diariamente as higienizadoras e higienizadores enfrentam o adoecimento da categoria causado pela sobrecarga de trabalho. Muitos reclamam de ser chamados por seus próprios colegas da saúde de “faxineiros”, e relatam que há finais de semana em que dois higienizadores ficam responsáveis pela limpeza de áreas hospitalares com 60 quartos e alas administrativas.
A diretora de comunicação da Aserghc, Carine Fernandes, destacou que não há um mecanismo justo de análise dos casos de assédio moral. Na maioria dos casos, a versão supostamente “verdadeira” do trabalhador “superior” prevalece em relação à versão dos higienizadores sobre os fatos. Por fim, não existe um espaço de escuta e cuidado para os trabalhadores assediados.
Oliveira defende que a prática do assédio moral não seria estimulada pela gestão. Diante da necessidade de combater a intimidação dos trabalhadores, as entidades sindicais, os gestores e higienizadores presentes concordaram em organizar reuniões abertas nos hospitais para conscientizar todos os profissionais.
Auditório lotado
Continuidade da luta
Nos próximos dias os trabalhadores se reunirão para discutir o movimento pelas 180 horas, pois a mobilização deve seguir até a conquista definitiva da regulamentação a nova jornada de trabalho. O abaixo assinado virtual segue disponível para novos apoios de trabalhadores (acesse clicando aqui).
A reunião
O encontro, mediado por Ritter, seria realizado em uma sala de reuniões no quinto andar do prédio administrativo do GHC. Com a presença de dezenas de higienizadores, a reunião aconteceu no auditório Jahyr Boeira de Almeida. O presidente do Sindisaúde-RS, Julio Jesien acompanhou o grupo e contribuiu na condução da reunião.