A gestão do Hospital de Clínicas (HCPA) não adotou qualquer tipo de medida mais firme contra a determinação do Tribunal de Contas da União de retirar os adicionais de periculosidade e insalubridade de mais ou menos 200 funcionários do hospital. A passividade da direção do HCPA de negociar em favor dos seus empregados, ou mesmo de buscar uma forma compensatória, cobrará seu preço a partir de agora. Cerca de 80 desses trabalhadores afetados estiveram na Ashclin em assembleia do Sindisaúde-RS na tarde de hoje, onde manifestaram sua profunda indignação com a retirada de um valor extremamente importante para os funcionários, especialmente os de baixos salários, realizada imediatamente após o primeiro comunicado oficial, mesmo com o processo em andamento já há mais de um ano.
Ritter fala aos trabalhadores, que manifestaram sua indignação com a gestão do Clínicas e se articularam, na assembleia, em mobilização rumo à greve se necessária
Trabalhadores, atentos à assembleia...
...participaram ativamente, com várias sugestões
Dia de luta quarta (23)
O presidente do sindicato, Arlindo Ritter, e os diretores Julio Appel e Julio Jesien definiram junto aos presentes um dia de luta na próxima quarta-feira (23), a partir das 7h, quando os trabalhadores irão manifestar-se no hospital, entregando um documento oficial à direção solicitando que os gestores lutem, em Brasília, pela compensação do adicional retirado.
Da esquerda para a direita, compuseram a mesa o Ritter, Jesien, Appel e os advogados Renato Paese e Samara Ferrazza
Ficou definido também que, no dia do ato, os funcionários deixarão os gestores do HCPA cientes: se eles não obtiverem tal compensação, os setores mais afetados (em especial creche, lavanderia e refeitório) irão paralisar o trabalho do hospital.
O caso do GHC, em 2005, quando também os funcionários foram ameaçados de perder seus direitos, mas com muita luta os mantiveram após forçar a direção do grupo a negociar em Brasília, foi citado como exemplo diversas vezes. "A gestão do hospital foi extremamente omissa, mas o mais importante agora é: nós temos que acreditar na nossa luta! Não é achando que os altos salários dos gabinetes vão ser caridosos conosco que vamos manter nossos direitos", convocou à luta o diretor Appel.
Jesien e Appel, funcionários do HCPA, mobilizaram os colegas à luta pela manutenção dos direitos
Retirada é corte na carne!
Uma conta simples para comparação: o Clínicas tem um orçamento de cerca de R$ 1,4 bilhões ao ano. Se a retirada, em média, for em torno de R$ 200 de cada um dos cerca de 200 funcionários afetados pela medida, são mais ou menos R$ 40 mil mensais que a gestão quer cortar na carne dos seus empregados. Esse valor é menor que 0,003% do orçamento da instituição. "Dá menos do que o salário de dois diretores do hospital!", lembrou Ritter.
Campo jurídico
Os advogados Renato Paese e Samara Ferrazza, do Paese, Ferreira Advogados Associados, também participaram da assembleia. Eles explicaram aos trabalhadores a estratégia que será adotada, concomitantemente à luta classista, no âmbito jurídico. "Todos nós temos que ter bem claro: é evidente que nós atuaremos também no campo jurídico, mas se não houver luta ali no hospital, se nós não nos manifestarmos, eles passam por cima", comentou Jesien. As greves do Imesf, Osório e Canoas em 2018 foram lembradas como exemplos de sucesso da luta do sindicato e trabalhadores.
Valores a serem cortados são uma miséria quando comparados com o orçamento do HCPA, mas de enorme importância para os afetados
Consciência de classe
O Sindisaúde-RS vai atuar em todas as frentes possíveis para alcançar a manutenção dos adicionais no HCPA, mas a luta só se faz com trabalhador e sindicato unidos - convoque seu colega e participe dos atos, mobilize-se. Lembre-se: em março, temos que renegociar, com unidade, o Acordo do Vale-Alimentação. Por isso, desde já, nosso lema tem que ser: "Mexeu com um, mexeu com todos!"]