Os trabalhadores da Saúde de Canoas deram show de união e compreensão de luta no dia de hoje. Quase 200 funcionários se mobilizaram, desde as 10 h e 30 min da manhã até por volta das 16 horas, entre panelaços, caminhada de conscientização e demonstrações de civismo, em busca dos direitos legais que estão sendo suprimidos pelo gestor dos serviços de Saúde no município, o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva (GAMP) e, indiretamente, por quem é o responsável constitucional pela Saúde canoense: o poder público.
Mobilização foi excelente o dia todo
Na metade da manhã, período previsto para o início da concentração, pelo menos 100 trabalhadores já se encontravam mobilizados em frente à Prefeitura Municipal; logo, teve início o panelaço, que visou a demonstrar tanto à população quanto ao poder público a indignação que fez os funcionários chamarem o sindicato para lhes dar apoio em sua luta. “É uma situação braba! Estou com as contas atrasadas, inclusive meu aluguel”, comentou Maria do Socorro, funcionária da higienização do Hospital de Pronto Socorro (HPS).
Trabalhadores vestiram narizes de palhaço e se mantiveram fazendo barulho ao longo das horas
O barulho na praça da Prefeitura se manteve intermitente durante a manhã: gritos, cantos de luta e panelas batendo não deixaram ninguém parado. Próximo ao meio-dia, os trabalhadores fizeram um lanche no piquete montado pelo Sindisaúde-RS; depois, saíram pela cidade em uma caminhada de conscientização, na qual entregaram à população a carta aberta redigida pelo sindicato, informando sobre os problemas nos hospitais, UPAs e CAPS de Canoas.
Trabalhadores entregaram carta aberta à sociedade canoense
Caminhada mobilizou centenas
Ao retornarem à praça, os funcionários e diretores do sindicato acessaram a Câmara de Vereadores, onde ocorria uma sessão plenária aberta, e propuseram aos quatro vereadores presentes a discussão dos problemas na Saúde canoense. O presidente do Sindisaúde-RS, Arlindo Ritter, teve direito à fala no plenário: “Os contratos do GAMP têm que ser bem analisados e revistos, porque saúde não é mercadoria”, afirmou, levantando a questão dos problemas que os trabalhadores vêm enfrentando.
O presidente do Sindisaúde-RS, Arlindo Ritter, teve direito à fala no plenário tomado pelos trabalhadores
O ato se encerrou por volta das 16 horas. Amanhã, a partir das 7 da manhã, ocorrerá paralisação de 12 horas no Hospital Universitário e no Hospital de Pronto Socorro. Poderá ser realizada uma assembleia deliberativa às 8 horas caso uma proposta oficial chegue ao sindicato por parte dos gestores, sendo então levada à avaliação das categorias. Há, ainda, a possibilidade de que seja realizada uma assembleia em outro momento do dia, para deliberar sobre a evolução do movimento para uma paralisação maior ou até mesmo greve.
Atos são realizados em virtude principalmente de atrasos salariais, mas também de 13º, férias e vales-transporte
Entenda o caso
Desde que o GAMP assumiu a gestão dos serviços de Saúde no município, os trabalhadores têm convivido com atraso salarial e incertezas quanto ao pagamento das demais obrigações legais, como 13º, férias e vales-transporte. Além disso, funcionários relataram ao Sindisaúde-RS casos de assédio moral, como a exigência de que tirem suas férias mesmo sem as terem recebido, o que motivou o sindicato a disponibilizar um termo de retorno ao trabalho em seu site, para aqueles que não tenham condições (ou não queiram) gozar suas férias sem o pagamento das mesmas.
Assim, o Sindisaúde-RS tem, desde que recebeu as primeiras reclamações há duas semanas, realizado reuniões e assembleias com os funcionários para subsidiá-los com informações e auxiliá-los na luta pelos seus direitos.
Contraponto
O GAMP alega que tem dependência de repasses federais que não estão chegando, e que sem eles não pode pagar suas obrigações legais. Alega ainda que, até a próxima terça-feira (27), o dinheiro estará depositado na conta dos trabalhadores.
No entanto, devido aos inúmeros prazos descumpridos desde então, o Sindisaúde-RS se mantém ao lado dos funcionários que, extremamente indignados, optam por realizar atos e paralisações até que a situação se normalize. Além disso, é importante que se tenha em mente que, na licitação vencida pelo GAMP, havia a exigência de um orçamento inicial de R$ 10 milhões por parte do vencedor, justamente para que esse tipo de problema não ocorresse.
As mobilizações
As mobilizações (panelaço de hoje e paralisação de amanhã) foram convocadas pelo Sindisaúde-RS e aprovadas em assembleia lotada na última semana. Ao longo dos últimos dias, o Sindicato dos Enfermeiros (SERGS) e o Sindicato dos Farmacêuticos (Sindifars) procuraram o Sindisaúde-RS para se somarem aos atos, prestando seu apoio das mais diversas formas. O Sindicato Médico também manifestou apoio aos movimentos.
Sergs e Sindifars também se fizeram presentes
Quem fez acontecer
O sindicato presta seu elogio à comissão de trabalhadores eleita em assembleia para acompanhar as discussões. O trabalho de mobilização junto aos colegas foi realizado com excelência por Ivânia Câmara, Renata Arruda, Rafaela Alves, Thiago Sierra, Evelin Baptista, Valdecir Faleiro e Agnes Menezes.
O Sindisaúde-RS esteve representado em peso por sua diretoria. Além do presidente, Arlindo Ritter, e do vice, Júlio Appel, também se fizeram presentes os diretores Julio Cesar Duarte, Paulo Rogerio Claudio, Ricardo Rosa Sarmanho, Carlos Alexandre Silveira, Ana Paula Capra, Amarildo Barcellos, Valmor Guedes, Claudia Regina Santos e Luciano Marangoni.
Diretoria do Sindisaúde-RS se fez presente em peso
Fotos: Gabrielle de Paula/ / Assessoria Sindisaúde-RS