As negociações entre entidades de classe e direção do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) continuam emperradas. O mediador e vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, João Pedro Silvestrin, suspendeu, hoje à tarde, a mesa de mediação até o dia 2 de agosto, devido a diferenças irreconciliáveis entre as propostas de acordo: os sindicatos não aceitam, principalmente, a retirada arbitrária de direitos trabalhistas (férias-prêmio e licença capacitação), mantida hoje pelos representantes da gestão.
Mediação foi suspensa após semanas de falta de bom senso da direção do GHC. Acordo volta a ser negociado extrajudicialmente até o dia 02 de agosto
"São instrumentos de capacitação, inclusive! Quer dizer que vamos ter um mecanismo de punição, a avaliação que hoje existe, e não teremos o de estímulo ao trabalhador?", comentou o presidente da Aserghc e diretor do Sindisaúde-RS, Valmor Guedes, seguido pelo presidente do sindicato, Arlindo Ritter: "Isso é problema de gestão: foi a própria direção anterior do GHC que ofereceu esses direitos em contrapartida a uma pauta antiga nossa!"
Valmor Guedes e Arlindo Ritter lembraram ao mediador e à direção que os direitos retirados foram sugeridos pela própria direção do GHC em negociações de outros anos
No entendimento dos sindicalistas, a decisão de Silvestrin se dá após inúmeras manifestações de intolerância e falta de bom senso da direção do grupo, que nem mesmo está enviando o alto clero de sua diretoria para a mesa de negociação, e da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), responsável pela liberação de recursos e que está dizendo não a todas as propostas de acordo indicadas pela Justiça,
Os representantes do GHC presentes à reunião de hoje à tarde disseram terem ouvido de Brasília que a devolução das férias-prêmio e licença-capacitação não está autorizada, e nem mesmo indicaram se irão repor o INPC do Vale Alimentação, que é devido desde a negociação de 2016. Como os sindicatos não aceitam a retirada dos direitos, a indicação de Silvestrin foi de que os departamentos jurídicos e os diretores sindicais e do GHC se reúnam, durante as semanas que correrão até 02 de agosto, em busca de um acordo coletivo de trabalho (ACT), que não necessite de interferência judicial.
Silvestrin suspendeu a mediação até dia 02 de agosto
Falta de bom senso da gestão
As entidades de classe percebem que a direção do GHC teme a possibilidade de paralisações e mesmo de uma greve geral em virtude do não fechamento do ACT negociado. Dessa maneira, os departamentos jurídicos e diretores responsáveis manterão as reuniões, buscando evitar a ocorrência dos movimentos grevistas. No entanto, se a direção do grupo e a Sest mantiverem a postura de intolerância para com os trabalhadores da saúde, a possibilidade de que a direção do GHC tenha enormes prejuízos com paralisações decorrentes da falta de bom senso de seus gestores, ou mesmo com a efetiva interferência judicial na negociação, torna-se muito maior a partir de hoje.