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14/03/2023 - CAMAQUÃ - Luta contra demissão em massa tem ato e ocupação da Tribuna Popular


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Comunicação Sindicato

Texto e fotos de Júlio Câmara

Trabalhadoras (es) demitidas (os) do Hospital Nossa Senhora Aparecida (HNSA) fizeram um dia de luta em Camaquã, nesta segunda-feira (13), para reivindicar direitos que não estão sendo pagos pelo hospital. Além da própria demissão em massa, na qual mais de cem trabalhadoras (maioria de mulheres) foram desligadas do hospital no fim de 2022, a gestão não está pagando as rescisórias nem depositando o FGTS.

A mobilização durou o dia todo, com ato e caminhada até o hospital, e entrou a noite com o presidente do Sindisaúde-RS, Julio Jesien, assumindo a Tribuna Popular da Câmara de Camaquã. A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) acompanhou a luta e será, junto ao Sindisaúde-RS, voz de defesa das trabalhadoras em busca da regularização dos direitos.

A diretora do Sindisaúde-RS, Lisete Bueno, mobilizou as (os) colegas, dado que é ex trabalhadora da casa. Ela contou que a direção do HNSA não apresentou garantias sobre os pagamentos, mas se comprometeu a informar uma atualização da situação e calendário de pagamentos até o dia 22 de março. “Após isso, dependendo do que vier, vamos nos reunir e ver o que os colegas vão querer fazer”, concluiu Lisete.

Passeata no centro de Camaquã até o Hospital Nossa Senhora Aparecida

Concentradas na sede do Sindicato dos Municipários de Camaquã, as (os) trabalhadoras (es) caminharam com carro de som informando à população a situação de descaso pela qual estão passando. Também foi distribuída uma carta aberta para explicar as reivindicações e dar transparência sobre a crise que assola o hospital.

Sindicato e trabalhadoras (es) participaram da passeata

Chegando ao HNSA, com muita insistência dos manifestantes, a diretora do Sindisaúde-RS, Lisete Bueno e a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) foram recebidas pela direção da instituição. A deputada é coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Trabalhadores da Saúde na Assembleia Legislativa e vem acompanhando a crise do hospital.

Na Câmara Municipal, presidente Julio Jesien defende trabalhadoras e sugere consórcio de municípios

Encerrando o dia de mobilização, o presidente do sindicato, Júlio Jesien, ocupou o espaço da tribuna democrática e popular na Câmara de Vereadores de Camaquã para denunciar a situação. Ele começou dizendo que é uma tristeza falar dessa casa de saúde que já funcionava na década de 1930 e que nos últimos anos, recebe uma gestão que sai, uma outra que entra e as dificuldades parece que cada vez aumentam mais. E isso reflete naquelas trabalhadoras, visto que a categoria é majoritariamente feminina, que não recebem o reconhecimento merecido. 

"Trabalhadoras que há bom tempo atuavam no hospital e agora são demitidas sem qualquer conversa com a entidade sindical. E o pior é o não pagamento mínimo das verbas rescisórias. O hospital passa a fazer acordo individual com os trabalhadores para pagamento e mais recentemente a gente não tem o pagamento de pessoas que contavam como forma de salário o parcelamento que foi feito", declarou Jesien.

Jesien resgatou a experiência do Hospital de Tramandaí para contribuir com ideias para a situação do Hospital Nossa Senhora Aparecida. “A gente viveu situação semelhante no litoral em que apenas Tramandaí apoiava o hospital, Já por aqui, a informação é que todos os outros municípios que dependem do hospital não fazem esse apoio. Então, quem sabe, um consórcio dos municípios pode apoiar o hospital?” sugeriu.

Problemas também com quem fica: trabalhadoras da nutrição sem transporte noturno

O presidente aproveitou para relatar os problemas que enfrentam aqueles funcionários que seguem trabalhando. "Trabalhadoras do serviço de nutrição foram colocadas para sair depois das 23h e não tem como se deslocar pra casa. A CLT prevê que essas trabalhadoras tenham o direito a se descolar com o provimento do empregador e isso não está acontecendo."

Crise prejudica trabalhadores e compromete funcionamento do hospital

Notícias dão conta que o HNSA acumula dívidas de quase R$ 60 milhões com déficit mensal de quase R$ 700 mil. Parte dessa conta, segundo a deputada Luciana Genro, é resultado do Programa Assistir do governo estadual, que mudou a distribuição de verbas, diminuindo em R$ 300 mil o repasse para o hospital. 

Além disso, colabora com a crise o fato de que, embora atenda a população de 17 municípios, apenas Camaquã destina verbas para o hospital. E o que também agrava a situação é a defasagem da tabela SUS, sem correção há mais de 20 anos.

A situação dos funcionários demitidos é dramática e a situação do hospital é preocupante com o crescimento da dívida e a falta de perspectiva para garantir o funcionamento com valorização dos trabalhadores que estão na ativa e com a falta que fazem os demitidos.

O que aconteceu na cidade?

Quase cem funcionárias (os) do hospital, maioria de mulheres, foram demitidos no final do ano passado. Junto da notícia da demissão foram informados que o hospital não vinha depositando o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e não tinha dinheiro para pagar as multas e verbas rescisórias. Na ocasião, a gestão forçou as (os) trabalhadoras (es) a aceitar um acordo de parcelamento da rescisão, o que descumpre a Convenção Coletiva Sindisaúde-RS/Sindiberf.

Mesmo com esse pagamento parcelado, os pagamentos não estão sendo feitos conforme combinado. Em fevereiro já houve atraso, e não há compromisso da instituição para garantir o pagamento da próxima parcela com vencimento no dia 15 de março. Essa situação está prejudicando dezenas de famílias dependentes da renda dessas (es) profissionais, que não conseguem pagar contas básicas como aluguel, água, luz, alimentação, e até mesmo se endividam sem conseguir honrar outros compromissos financeiros.



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