Home > Notícias > CAMAQUÃ - Presidente renuncia e aprofunda crise no Hospital Nossa Senhora Aparecida

14/04/2023 - CAMAQUÃ - Presidente renuncia e aprofunda crise no Hospital Nossa Senhora Aparecida


Compartilhe nas suas redes sociais!


Júlio Câmara - Comunicação

Renúncia da diretoria da Fundação Assistencial e Beneficente de Camaquã (FUNBECA) mostra a crise financeira que está sufocando o Hospital Nossa Senhora Aparecida (HNSA), com dívidas milionárias e prejuízos para os trabalhadores e a população. O presidente Márcio Silva e toda sua diretoria renunciaram seus cargos na FUNBECA, responsável pela gestão do hospital, em meio a denúncias do Sindisaúde-RS sobre a falta de soluções para os problemas na administração do HNSA, mostrando que eram corretas todas as preocupações levantadas pelo sindicato e pelas (os) trabalhadoras (es). 

Em passeata realizada em 13 de março, trabalhadoras (es) demitidas (os) reivindicaram pagamentos atrasados

No dia 13 de março, o sindicato organizou uma passeata em Camaquã, juntamente com dezenas de profissionais demitidos que não estão recebendo seus direitos rescisórios corretamente. O hospital também não está pagando o FGTS das trabalhadoras e trabalhadores. Essas questões levantadas pelo Sindisaúde-RS abriram os olhos da sociedade para o problema.

Dívida milionária: Quem paga são as (os) trabalhadoras (es)

No mesmo dia da manifestação realizada pelo Sindisaúde-RS, o presidente do Hospital Nossa Senhora Aparecida concedeu entrevista para a Clic Rádio admitindo a dívida de mais de R$ 70 milhões.  Na ocasião, disse estava tendo que se explicar para a Receita Federal pela apropriação indébita das retenções de INSS, imposto de renda e contribuição social. Agora, exatamente um mês depois, Márcio Silva abandona a gestão do hospital, confirmando as preocupações que já havíamos levantado. A má gestão e a falta de apoio dos governos está colocando em risco o funcionamento dessa instituição que atende 16 municípios da região.

13 de março de 2023: manifestação contou com o apoio da deputada estadual Luciana Genro (PSOL), que é coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Trabalhadores da Saúde na Assembleia Legislativa e vem acompanhando a crise do hospital

"O sonho virou pesadelo"

Trabalhadoras e usuários do HNSA questionam quem assumirá a instituição e como lidará com as necessidades urgentes do hospital. Além disso, como cumprirão seus acordos com os demitidos? A diretora do Sindisaúde-RS, Lisete Bueno, que já trabalhou no hospital, ressalta a importância da transparência para a comunidade estar informada sobre a situação do único hospital da região. “Nós não vamos aceitar desculpas, queremos um diálogo franco e aberto com quem assumir para já, de imediato, fazermos uma leitura do que está por vir”, explica.

Lisete aponta que a falta de fiscalização, atuação do Conselho Municipal de Saúde, e atrasos do IPE para pagar valores defasados, além da falta de planejamento para o crescimento do hospital, contribuíram para a atual situação. “O sonho virou pesadelo”, acrescenta.

A eleição da nova direção deve ocorrer em 30 dias através da votação de 16 entidades e instituições, excluindo as trabalhadoras (es) e pacientes, o que gera uma decisão antidemocrática. Lisete acredita que “independentemente de quem assumir a gestão, os trabalhadores não terão outra alternativa que não seja se organizar e mobilizar para defender seus direitos e melhores condições de trabalho para manter o hospital em pleno funcionamento e atender à população”.