A segunda-feira (29/05) foi marcada por uma veemente mobilização dos trabalhadores da saúde, em defesa de direitos fundamentais conquistados ao longo dos anos. Convocada pelo Sindisaúde-RS e mais 14 sindicatos, a paralisação de hoje mobilizou funcionários durante 12 horas nos principais hospitais da capital: Clínicas, Conceição, Cristo Redentor, Fêmina e UPA Zona Norte.
Imprensa esteve acompanhando a paralisação no Clínicas durante a manhã
Clínicas
Logo na chegada para a mobilização pelo reajuste e manutenção do V.A., o Sindisaúde-RS foi comunicado de um interdito proibitório concedido pela Justiça proibindo a paralisação, solicitado pela direção do hospital em uma clara tentativa de barrar o movimento. Ainda assim, o sindicato, em conjunto com os trabalhadores, decidiu por bancar a multa, que durante a manhã correspondia ao valor de R$ 3 mil (leia mais abaixo). "Nós temos o direito de fazer o que estamos fazendo", afirmou o secretário-geral do Sindisaúde-RS, Julio Jesien.
Já no início da tarde, o movimento deslocou-se para uma área próxima à sala do Conselho de Gestão, onde a administração reunia-se com um grupo de acreditadores internacionais, responsável pela avaliação da qualidade da instituição.
O fechamento do ambulatório provocou enorme revolta na direção da casa, que precisou colocar seus advogados em ação durante todo o dia. "Com a entrada dos pacientes pobres fechada, eles estão vendo a miséria passando lá na entrada principal, onde só entram os que têm plano de saúde, os que têm dinheiro", afirmou o trabalhador Adão Lima.
Dessa forma, perto das 15 horas, em decisão recorde, a juiza do Trabalho, Fabiane Martins, julgou o segundo interdito proibitório do dia. A multa para a paralisação dos trabalhadores passou para R$ 100 mil a hora, conforme comunicado do oficial de justiça. "É uma vergonha que uma vara com tantas ações pra julgar, aprove esse ataque à luta dos trabalhadores em tão pouco tempo", afirmou o vice-presidente, Julio Antero Appel. Assim, a entrada do ambulatório teve que ser liberada pelo movimento. No entanto, os trabalhadores não recuaram e votaram por manter os atos em frente ao hospital até às 19 horas.
Trabalhadores decidiram manter os atos até à noite.
GHC
Nos hospitais do Grupo Hospitalar Conceição o dia também foi de luta em defesa do acordo interno de trabalho. Neste ano, a administração cortou as férias-prêmio e a licença-capacitação dos funcionários. Diversos atos foram realizados em frente ao prédio administrativo do Grupo, visando a pressionar a direção. Mesmo assim, a gestão pretende, além da retirada de direitos já praticada, congelar o Vale-Alimentação, estipulando valor abaixo do preço da cesta básica de Porto Alegre.
Em protesto, trabalhadores montaram ontem piquetes em frente aos hospitais Conceição, Fêmina e Cristo. A UPA Moacyr Scliar também participou do movimento,esclarecendo aos usuários a importância da luta contra a retirada de direitos. No Hospital Cristo Redentor, o refeitório dos funcionários foi fechado durante toda a paralisação.
Trabalhadoras fizeram vigília em frente o refeitório do Cristo.
O presidente Arlindo Ritter acompanhou as manifestações no GHC. Diretores e delegados do Sindisaúde-RS também estiveram presentes durante todo o dia nos hospitais.
Conceição e UPA Zona Norte tiveram piquetes durante toda a segunda-feira.
Galeria de Fotos: Clínicas: Gabrielle de Paula e Stéfano Mariotto (Assessoria Sindisaúde-RS) - GHC: Arquivo Pessoal e Julia Matos (Assessoria Aserghc)