A reunião mediada de hoje à tarde, na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4), poderá trazer às categorias importante avanço numa negociação que estava emperrada. Após a pressão realizada pela unidade dos sindicatos de empregados, a entidade patronal que representa hospitais religiosos, beneficentes e privados, o Sindiberf, aceitou levar à assembleia de seus filiados proposta que contempla o fechamento não só da Convenção 16/17, cuja data-base é abril/16, mas também a negociação da Convenção 17/18, cuja data-base é abril/17. Além disso, a proposta apresentada pelo mediador, e entendida como razoável pelas entidades de classe, pretende a reposição do salário, referentemente aos 2 anos de espera, antes da data-base da próxima Convenção Coletiva (abril/18), garantindo ao trabalhador que não haja perdas acumuladas futuras a partir da próxima negociação.
Categorias compareceram em peso. Na mesa, representaram o Sindisaúde-RS o presidente, Arlindo Ritter, e o secretário-geral, Julio Jesien, assessorados juridicamente por Raquel Paese
Da esquerda para a direita, Jessu Silva, Maristela Moura, Lúcia Schaeffer, Paulo Cláudio e Lisete Bueno, todos do Sindisaúde-RS
Lúcia Schaeffer e Paulo Cláudio demonstravam esperança em avanço nas negociações
A reunião
Logo após as 13 horas, trabalhadores e sindicalistas reuniam-se em frente ao TRT-4, expondo faixas e cartazes para demonstrar o descontentamento frente ao entrave causado pelos representantes patronais. Cerca de uma hora depois, teve início a reunião, em sala tomada pelos demais trabalhadores e diretores sindicais representantes de 15 entidades de classe. Presidido pelo vice-presidente do TRT-4, João Pedro Silvestrin, o encontro teve como tom o rechaço ao discurso de dificuldades financeiras apresentado pelo Sindiberf.
Em frente ao TRT-4, sindicalistas se mobilizavam
"Em 20 anos, nunca vi uma situação em que há uma proposta que pretende fechar praticamente em metade da inflação do período", comentou a advogada do sindicato, Raquel Paese. "Todos os hospitais têm isenção de impostos, vão muito bem, obrigado. Como podem pensar em fechar abaixo da inflação do período?", disse o presidente do Sindisaúde-RS, Arlindo Ritter. E o secretário-geral do sindicato, Julio Jesien, demonstrou em palavras o que todos presentes observavam: "Não há uma contrapartida da patronal em atender à proposta. Nós estamos flexibilizando, o mediador está propondo, mas nada vem daí". O próprio Silvestrin chegou a comentar que lhe preocupava não perceber, por parte da patronal, nenhuma manifestação de anuência, ainda que em parte, às sugestões colocadas em mesa.
Jesien, Raquel e Ritter foram contundentes no embate com os advogados
Após um intenso debate, definiu-se por uma possibilidade que buscará englobar o fechamento das convenções 16/17 e 17/18, a partir da aprovação do Sindiberf em assembleia com seus filiados. Após, a proposta vai à apreciação da classe trabalhadora, que espera ver contemplada a reposição das perdas, mesmo que de forma parcelada (sinalizada pela patronal), pois, no entendimento dos sindicatos, a maior necessidade é de garantir que as negociações da próxima convenção se baseiem em um salário integralmente recomposto.
Próximas datas
A advogada do Sindiberf, Cristiana Paim, sinalizou com a data de 7 de julho para assembleia do Sindiberf com seus filiados; até lá, discutirá com o departamento jurídico dos sindicatos a formatação da proposta. E também ficou agendada nova data de reunião mediada no TRT-4: 10 de julho, às 14 horas, quando se espera obter o fechamento das negociações em mesa, para que as assembleias das entidades de classe sejam então realizadas e as categorias conheçam os números e votem pela aprovação ou reprovação.
A unidade entre os sindicatos vem sendo fundamental desde o ano passado