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24/11/2016 - Trabalhadores da saúde participam de seminário sobre a Consciência Negra


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Comunicação Sindicato

Nesta quarta-feira, o Sindisaúde-RS promoveu o Seminário "Consciência é todo dia", realizado no auditório do Sindisprevrs, centro de Porto Alegre. Cerca de 70 trabalhadores da área da saúde participaram do evento, que teve o objetivo de levar à categoria uma reflexão sobre o debate da questão racial. Por meio da Diretoria de Assuntos de Gênero, Raça e Diversidade Sexual, o sindicato organizou uma programação que destacou a cultura e a beleza do povo negro, bem como discutiu a invisibilidade negra na saúde e o racismo institucional. O presidente do Sindisaúde, Arlindo Ritter, esteve presente com a família. Thalya Dornelles, eleita a mais bela negra de Porto Alegre este ano, também marcou presença. O evento ainda contou com expositores, com sorteio de brindes para os participantes e com a participação musical de Claudia Barulho, membro do sindicato.

Já pela manhã, a abertura foi marcada pela emoção. Nora Farias falou sobre as religiões de matriz africana e cantou com o público o hino da Umbanda. Logo depois, a pedagoga e coordenadora da Comissão Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do GHC (CEPPIR-GHC), Franquilina Cardoso, apresentou o painel "Beleza, Cidadania e Cultura Afrobrasileira", no qual abordou a importância da autoestima da população negra e sobre o racismo presente na sociedade: "Ninguém nasce racista, as pessoas se tornam racistas", afirmou.

Nora Farias fez a abertura com o hino da Umbanda.

Franquilina Cardoso e Nora Farias foram bastante citadas pelos palestrantes seguintes.

Ainda na parte da manhã, a enfermeira Cláudia Santos e a diretora do Sindisaúde-RS, Mariângela Santos, apresentaram o perfil dos trabalhadores da saúde no Rio Grande do Sul e falou acerca do preconceito que ainda é presente no ambiente de trabalho: "As pessoas ainda se chocam quando veem que a enfermeira é negra", disse. Depois, fez uma dinâmica sobre partilha, na qual os participantes ganhavam balas. Aqueles que tinham duas balas poderiam ir para "um mundo novo", já que este estaria no fim. As pessoas que receberam três balas precisavam se dar conta que poderiam doar para aqueles que tinham ganho apenas uma.

Mariângela Santos...

... e Cláudia Santos apresentaram o perfil dos trabalhadores da saúde no Rio Grande do Sul o preconceito ainda presente no ambiente de trabalho

À tarde, o público assistiu à palestra sobre racismo e ações afirmativas com as advogadas Luana Pereira e Bruna Marcondes, na qual as advogadas expuseram casos de racismo que estão na origem do sistema, desde o entendimento raso sobre o sistema de cotas por parte da sociedade, até casos de racismo os quais as advogadas já presenciaram na profissão e na vivência acadêmica. Houve ainda espaço para perguntas, que possibilitou esclarecimentos.

Bruna Marcondes (esquerda) e Luana Pereira palestraram sobre racismo e ações afirmativas

O encerramento foi feito pela também advogada Karla Meura, que falou sobre os aspectos jurídicos do racismo institucional, inserção do negro no mercado de trabalho e saúde da população negra. Militante do movimento negro e membro da Subcomissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil, Meura trouxe números que assustam, como, por exemplo, o de que 60% dos desempregados são negros. Da experiência profissional, a militante comentou sua percepção de que a maioria dos atos de racismo são cometidos na instituição, conjugando racismo e assédio moral. "Eu diria que em torno de 70% dos casos que já vi de preconceito foram cometidos dentro do local de trabalho, muitas vezes pelo próprio empregador", afirmou. Meura lembrou o clássico caso das pessoas que dizem não ser racistas, mas que sempre têm alguma ressalva a respeito da população negra. "A pessoa pode até não se considerar racista, mas acaba cometendo atos de injúria racial".

Karla Meura (direita) teve uma das palestras mais aplaudidas. Na foto, com Ana Paula Capra, diretora de Assuntos de Gênero, Raça e Diversidade Sexual

A diretora de Gênero, Raça e Diversidade Sexual, Ana Paula Capra, agradeceu à Dinara Fraga, do Sindisprev, pelo espaço e apontou o sucesso do seminário: "Estou muito feliz com a presença de todos vocês, certamente faremos mais eventos assim, para representar o nosso povo", afirmou.

CURRÍCULO DOS PALESTRANTES

Beleza, Cidadania e Cultura Afro Brasileira

Professora Franquilina Cardoso, pedagoga, coordenadora da CEPPIR GHC.

A invisibilidade na Saúde 
Cláudia Santos, enfermeira licenciada e graduada pela UNISINOS, Mestre em Dor e Neuromodulação pelas Ciências Médicas da UFRGS, vice-Presidente do Sindicato dos Enfermeiros do RS

Mariângela Santos, técnica de Enfermagem do HCPA e diretora do Sindisaúde-RS

Racismo e Ações Afirmativas 
Luana Pereira, advogada Escritório Pereira, Pinheiro & Faé, assessora jurídica da ONG Themis

Bruna Marcondes, advogada Castro Osório Pedrassani & Advogados Associados. Membro do Coletivo Dandara

Aspectos jurídicos sobre o racismo institucional e a saúde da população negra
Karla Meura, advogada e militante do movimento negro. Especialista em Direito Processual Penal. Membro da Subcomissão da Verdade Sobre a Escravidão Negra no Brasil da OAB/RS. Assessoria técnica na Secretaria Estadual de Saúde (2011/2015) sobre Saúde Prisional e Saude da Populaçao Negra. Assistente Jurídica na ONG Maria Mulher (2006/2008)

 

Claudia Barulho apresentou sucessos como "O Canto das Três Raças".

Thayla Dornelles, eleita a mais bela negra da Capital em setembro, esteve presente no seminário

Confira mais fotos do Seminário neste link!