O Dia da Consciência Negra não é apenas uma data para celebrar a resistência afro-brasileira, mas também um momento crucial para confrontar as profundas disparidades que persistem na sociedade. A história do Brasil está manchada pela escravidão, e seus resquícios continuam a reverberar nas estruturas sociais, econômicas e educacionais do país. Os números são contundentes: a população negra enfrenta uma realidade de desvantagens sistêmicas que permeiam todas as esferas da vida.

Em termos econômicos, a taxa de desemprego entre a população negra no Brasil é consistentemente superior à dos brancos. Em 2022, por exemplo, brancos (as) ganharam, em média, 87,6% a mais do que negros (as), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além disso, a desigualdade salarial entre negros e brancos é gritante, com os negros recebendo em média cerca de 57% do salário dos brancos, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Esses números não apenas ilustram a crise de oportunidades, mas expõem um sistema que perpetua a marginalização racial de maneira sistêmica.

Na esfera educacional, as barreiras também são numericamente evidentes. Segundo o Censo da Educação Superior de 2019, apenas 12,8% dos estudantes universitários são negros, apontando para a necessidade urgente de ações afirmativas que promovam uma representação mais equitativa. Há alento, porém, que também ajudam a fortalecer a vontade de luta: a representação da população negra entre os professores universitários cresceu nos últimos anos. Em 2010, os negros (grupo que engloba a população preta e parda) respondiam por 11,5% das vagas de docentes do ensino superior. Em 2017, os negros responderam por 16% do total. E no mais recente censo de 2021 os negros responderam por 24,1%, mostrando que a luta intensa dos últimos 10 anos começa a apresentar resultados positivos.

É essencial compreender que a luta contra o racismo não se resume a não ser racista, mas demanda uma postura ativa e engajada na promoção da igualdade. "Não basta não ser racista: é preciso ser antirracista." Esta afirmação é uma chamado à tua ação, a reconhecer as injustiças históricas e a trabalhar ativamente para desmantelar estruturas discriminatórias.

O Dia da Consciência Negra não é apenas um feriado. É um lembrete de que a mudança é imperativa. A construção de uma sociedade verdadeiramente justa exige não apenas palavras, mas ações concretas para enfrentar e reverter as desigualdades profundamente enraizadas que afetam a população negra.