É com um misto de tristeza, irritação e perplexidade devido à repetição de algo que nunca dá certo que a diretoria do Sindisaúde-RS acompanhou durante esta quarta (27) mais uma Organização Social, as conhecidas OS, sendo desmascarada em operação conjunta dos MPs com a PF. Dessa vez, a assim nomeada Abrassi, que administrava os serviços de saúde do Hospital de Rio Pardo.
Quer saber da novidade? A Prefeitura terceirizou a gestão da saúde do município para essa obscura OS que nada mais é, segundo a GaúchaZH, que um braço do famoso ISEV, o Instituto de Saúde e Educação Vida. O ISEV, caso você não lembre, saiu corrido de Taquara após quase quebrar o hospital da cidade - reveja a história clicando aqui. Em Rio Pardo, as investigações do MP já apontam desvios na casa de R$ 15 milhões - e já tem prefeito do PSDB preso, já tem vereador de Porto Alegre, do partido Solidariedade, investigado...
Parece ser, pela milésima vez, mais um caso de CNPJ frio usado para fundamentar a existência dessa OS, apenas a ponta de um enorme iceberg. Nenhuma novidade para nossos colegas de Canoas, que se viram anos envolvidos com a Gamp até uma operação semelhante, auxiliada por denúncias do Sindisaúde-RS, estourar esquema de corrupção na casa dos R$ 40 milhões. Ou mesmo para nossos representados em Taquara, que passaram anos sendo roubados pelo ISEV até a Justiça correr com o Instituto de lá.
Operação do MP desmascara mais uma OS: até quando?
Modus operandi é o mesmo!
Como funciona a roubalheira? Sempre tem gestor público envolvido (no caso, o prefeito de Rio Pardo, Rafael Barros, foi preso). O discurso para justificar a terceirização também é o mesmo: "eficiência de gestão" ou algo semelhante. O gestor público passa a gestão da saúde pública para uma OS com CNPJ frio, essa OS "quarteiriza" a gestão dos serviços para que foi contratada para empresas menores, vinculadas à própria OS por meio de laranjas. Ou então simplesmente não presta os serviços para que foi contratada em sua integridade e sai correndo do Município, deixando uma penca de dívidas assumidas pelo dinheiro público. Só a ISEV, que é a ponta do iceberg revelado hoje, é alvo de investigações em 20 municípios entre RS e SC, e atua em municípios de todo o Brasil.
Até quando vamos cair nessa?
Crédito da foto: Ministério Público Divulgação